Ao fim de 19 dias de competição, terminou o maior evento desportivo do mundo que envolveu mais de 11 mil atletas: os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Foram 208 os países que marcaram presença na 31ª edição das Olimpíadas da Era Moderna, sendo disputadas mais de 300 provas de 42 modalidades em 37 palcos desportivos.
Portugal, pela 24ª vez, marcou presença nesta manifestação desportiva multicultural com 95 atletas de 19 modalidades. Apesar das várias aspirações às medalhas olímpicas, apenas um sonho foi concretizado no Rio de Janeiro: o da judoca Telma Monteiro que conquistou a medalha de bronze na categoria até 57 kg.
Segundo o presidente do Comité Olímpico Português (COP), José Manuel Constantino, “os resultados alcançados ficaram aquém das nossas expetativas”. À frente do COP desde março de 2013, José Manuel Constantino revela os objetivos traçados à partida para a jornada olímpica: “tínhamos definido duas posições correspondentes aos três primeiros lugares [medalhas], conseguimos uma. Tínhamos definido 12 posições correspondentes aos lugares compreendidos entre o quarto e o oitavo, conseguimos 10. E tínhamos previsto entre o nono e o 12º cerca de 12 posições e conseguimos 15. Portanto, dos três objetivos, apenas um foi cumprido". No entanto, o COP reconhece o trabalho, esforço e dedicação de todos os atletas lusos nesta missão olímpica Rio 2016, fazendo um mea culpa. “Não há outro responsável. O primeiro responsável pelo facto de os objectivos não terem sido atingidos sou eu. (...) Não tenho de me queixar do Governo, nem deste nem do anterior (...) Se tenho de me queixar, é de não ter sido suficientemente capaz de mobilizar todos aqueles que envolvem a participação numa missão olímpica, para que os resultados pudessem corresponder áquilo que tínhamos estimado".
Com as expetativas elevadas, foram várias as prestações que desapontaram em terras cariocas. Mas será justo “cobrar” resultados aos atletas portugueses que se batem, de igual para igual, com os melhores do Mundo quando as condições de treino e os apoios que (não) lhes são dados são incomparáveis?
Portugal continua com a média de uma medalha por olimpíada: 24. Até ao momento, contamos com quatro medalhas de ouro, oito de prata e doze de bronze, onde se inclui já a de Telma Monteiro. Para além desse lugar no pódio, Portugal recebeu 19 diplomas olímpicos, ou seja, teve 19 atletas no Top 10, sendo que 10 deles ficaram entre os seis primeiros. As melhores prestações foram, assim, nas modalidades de judo, canoagem, seguindo-se o atletismo. Além da medalha de Telma Monteiro, a canoagem conseguiu um quarto lugar (K2 1.000), um quinto (K1 1.000) e um sexto (K4 1.000), no atletismo registaram-se dois sextos no triplo salto (Nelson Évora e Patrícia Mamona) e um nos 20 km marcha (Ana Cabecinha), enquanto Marcos Freitas, no ténis de mesa, João Pereira, no triatlo, e a seleção de futebol ficaram em quinto, o ciclista Nelson Oliveira foi sétimo no contrarrelógio e Rui Bragança nono no taekwondo, entre outros resultados.
Quando observamos a atribuição de medalhas a uma escala global, a realidade é bem diferente. Nas 2 102 medalhas atribuídas, 121 foram para atletas americanos que lideram também o pódio individual dos atletas mais medalhados com os nadadores Michael Phelps (6 medalhas) e Katie Ledeaky (5) e a ginasta revelação Simone Biles (5). No segundo lugar do medalheiro internacional ficou a China com 70 medalhas, seguida da Grã-Bretanha com 67. Rússia, Alemanha, França, Japão, Austrália, Itália e Canadá, por esta ordem, completam a lista das dez melhores nações a competir no Rio de Janeiro, estando Portugal em 78º neste ranking.
Por modalidade, neste caso as de combate, contacto e/ou artes marciais (que a Kombat Press acompanha com mais detalhe), é a luta olímpica que mais medalhados gerou – 72 – seguindo-se o judo com 56, o boxe com 52 e o taekwondo com 32. Estes números dizem respeito não só à quantidade de atletas olímpicos que praticam estas modalidades, mas sobretudo à divisão que é feita em cada modalidade, consoante o peso e género dos atletas, como poderemos testemunhar amanhã quando abordarmos o boxe e a luta olímpica, modalidades nos jogos modernos desde 1904 e 1896, respetivamente.
Texto: Joana França/Kombat Press
Foto: DR