Judocas brasileiros lideram esforços de socorro em meio a enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul

Um desastre climático recente e sem precedentes afetou dramaticamente o Brasil, particularmente no estado do Rio Grande do Sul, no sul do país. Esta catástrofe, que os cientistas atribuem a uma combinação do fenómeno natural El Niño e aos impactos do aquecimento global, fez com que a região sofresse graves inundações. Isto resultou em mais de 1,4 milhões de pessoas afetadas, com mais de 232 mil desabrigados e pelo menos 107 vítimas confirmadas.

Em meio a esta situação terrível, os judocas brasileiros trouxeram esperança e alívio ao se voluntariarem ativamente para ajudar as vítimas das enchentes. Atletas proeminentes como os medalhistas olímpicos e mundiais Mayra Aguiar, Daniel Cargnin e João Derly, nativos da região, têm sido particularmente fundamentais nesses esforços. Eles, juntamente com outros judocas como Alexia Castilhos, Eric Takabatake, Gabriel Genro, Jéssica Lima e Leonardo Gonçalves, têm se envolvido em diversas atividades voluntárias, incluindo arrecadação de fundos e participação direta em operações de resgate.

As inundações catastróficas submergiram cidades inteiras, com níveis de água atingindo até cinco metros. A destruição levou ao fechamento de estradas e do aeroporto Salgado Filho, causando uma crise no abastecimento de recursos essenciais como água potável, eletricidade e alimentos. No entanto, a comunidade respondeu com uma onda de solidariedade, doando roupas, alimentos e produtos de limpeza aos necessitados.

Os judocas têm estado na vanguarda deste esforço de socorro. Atletas como Alexia Castilhos, Eric Takabatake, Daniel Cargnin e Gabriel Genro lançaram campanhas de crowdfunding para arrecadar fundos, que agora usam para comprar suprimentos para abrigos e operações de resgate. Alexia Castilhos descreveu como o seu bairro foi gravemente afetado pelas enchentes, o que a levou a ajudar no transporte de água e alimentos para os necessitados.

Instalações de treinamento como os clubes Grêmio Náutico União e Sogipa, onde treinam muitos desses judocas, abriram suas portas para abrigar moradores de rua e armazenar doações. Esses clubes tornaram-se centros de apoio essenciais. Atletas como João Derly e Mayra Aguiar têm trabalhado incansavelmente na Sogipa, descarregando caminhões cheios de água e alimentos doados, que depois são distribuídos em abrigos e cozinhas. Apesar dos exigentes horários de treino para as próximas competições, estes atletas têm dedicado o seu tempo ao trabalho voluntário.

João Derly enfatizou o esforço coletivo da comunidade do judô, lembrando que até jovens judocas e atletas de alto rendimento têm se envolvido no apoio. Em Novo Hamburgo, a professora de judô e ex-atleta da seleção Rafaela Nitz organizou uma cozinha comunitária que produz mais de 3 mil marmitas diariamente para apoiar os atingidos.

Canoas, cidade natal dos judocas Daniel Cargnin e Rochele Nunes, foi particularmente atingida pelas enchentes. Rochele, que atualmente reside em Portugal, contou que a sua mãe perdeu a casa no desastre. Ela tem coletado ativamente doações da comunidade brasileira em Portugal para enviar ao Brasil. Além disso, Douglas Potrich, técnico da seleção brasileira, abrigou 35 pessoas em seu dojo, o Kiai Dojo, e está arrecadando fundos para ajudar na reconstrução de casas.

A Federação de Judô do Rio Grande do Sul (FGJ) também iniciou uma campanha de crowdfunding para arrecadar fundos para a reconstrução de academias e associações de judô que foram danificadas pelas enchentes. Muitos professores de judô oferecem aulas gratuitas para crianças em abrigos para ajudá-las a lidar com o estresse e a começar a reconstruir suas vidas através do esporte.

Apesar do desastre, estes atletas continuam a preparar-se para as próximas competições, incluindo o Campeonato Mundial de Abu Dhabi e os Jogos Olímpicos. Muitos integrantes da seleção brasileira de judô moram em Porto Alegre, incluindo Jéssica Lima, Ketleyn Quadros, Mayra Aguiar, Daniel Cargnin, Rafael Macedo e Leonardo Gonçalves. A Confederação Brasileira de Judô tem apoiado esses atletas facilitando seu deslocamento para as competições apesar dos desafios logísticos impostos pela enchente.

Com o aeroporto fechado e muitas estradas bloqueadas, judocas como Ketleyn Quadros e Rafael Macedo tiveram que viajar quase 500 km de carro até Florianópolis para pegar voos para São Paulo e depois para o Cazaquistão para o Qazaqstan Barysy Grand Slam. Outros atletas seguirão esse caminho para chegar ao Mundial de Abu Dhabi.