No seguimento de diversas queixas apresentadas por clubes e treinadores sobre a Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai (FPKT), a WAKO (World Association of Kickboxing Organizations), que tutela a modalidade de kickboxing a nível internacional, suspendeu a federação portuguesa.
As queixas que deram aso a esta medida suspensiva da WAKO não são novidade, sendo esta já uma batalha travada há anos por vários clubes e treinadores como, aliás, a Kombat Press já teve oportunidade de noticiar no passado. As queixas prendem-se, sobretudo, com a gestão organizativa da federação que apresenta um processo eleitoral pouco transparente: “não tem um processo eleitoral democrático que garanta, de forma transparente e com igualdade, os direitos dos membros no que diz respeito à eleição dos delegados (…) não protege adequadamente os interesses e direitos dos membros e atletas da secção de kickboxing”, como adianta o site Mais Futebol.
A WAKO viu-se assim obrigada a investigar esta questão, criando uma comissão que analisou em detalhe o caso. Liderada por Espen Lund, vice-presidente da WAKO, a comissão divulgou um relatório final onde refere que o Regulamento Eleitoral da FPKMT “limita consideravelmente os direitos dos membros, nomeadamente aqueles que não são delegados”, “garante demasiado poder à Comissão Eleitoral na escolha dos delegados (ndr. que são 30), cuja composição e eleição não é clara e transparente”. Acrescenta ainda que também a limitação de mandatos não está a ser respeitada, havendo dirigentes nos cargos há mais de quatro anos.
Neste sentido, a WAKO considera que “os estatutos da FPKMT não estão em linha nem são compatíveis com os estatutos da WAKO”, suspendendo por isso a Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai.
Tomando a decisão com base na questão estatuária, a WAKO deixou ainda o alerta sobre outras questões alvo de queixa: irregularidades financeiras, manipulação de relatórios financeiros, descriminação, favorecimentos, entre outras, devendo estas agora serem investigadas pela tutela nacional, nomeadamente pelo Instituto Português do Desporto e Juventude.
Habituados a ser notícia aos fins de semana, por galas e conquistas, os atletas de kickboxing podem ser os principais visados desta decisão, uma vez que está comprometida a participação portuguesa em competições internacionais. A FPKT corre, ainda, o risco de perder o estatuto de Utilidade Pública Desportiva: pode deixar de ser reconhecida pela tutela e, consequentemente, perder apoios do Estado.
Contactado pelo jornal “A Bola”, o atual presidente da FPKM, Nuno Margaça, desvalorizou a situação, dizendo que se tratava apenas do “direito de voto”. A FPKM tem agora quinze dias para responder a estas acusações, sendo depois a decisão final tomada na próxima reunião de direção da WAKO.
Texto: Joana França/Kombat Press
Foto: Kombat Press