“Só o ouro não teria desencanto. Estou feliz pelo primeiro combate que fiz e orgulhoso por toda a caminhada até cá” foi o sentimento partilhado por Rui Bragança após ter sido afastado da competição olímpica em 9º lugar.
A estreia do vimarenense de 24 anos nos Jogos Olímpicos não podia ter começado melhor: Bragança (na primeira foto, de azul) venceu precocemente o atleta colombiano por 14-2. Rui foi dominando todo o combate e, aos 14 segundos do terceiro round, atingiu uma vantagem de 12 pontos o que, no taekwondo, dita o fim do combate. Com esta vitória sobre Óscar Nuñoz Oviedo, bronze nos Jogos de Londres 2012, a passagem do português aos quartos de final era promissora.
Ao folgado triunfo adicionava-se a informação de que os dois melhores atletas do ranking tinham ficado pelo caminho logo nos oitavos de final: o iraniano Farzan Ashourzadeh e o sul-coreano Kim Tae-Hun.
Nos quartos de final, disputados já no período da noite, Rui Bragança (na segunda foto, de vermelho) encontrou o campeão Pan-Americano de 2014: o dominicano Luisito Pie que se apresentava mais fresco na competição uma vez que o seu adversário da primeira ronda, o alemão Levent Tuncat, foi desqualificado por ter faltado à pesagem. Avizinhava-se um combate muito tático entre estes dois atletas. “O primeiro a errar perdia, e fui eu. Estávamos os dois muito fechados, se calhar podia ter tentado antecipar-me mais vezes, mas não estava a sentir-me muito confortável com isso. Tentei ir mais para o contra-ataque, estive perto de conseguir. Ele passou perto da minha cabeça, eu passei perto da dele. As coisas estavam muito equilibradas e foi aquele toque que decidiu tudo. De azar ou sorte, foi um toque. Já sabia que neste palco não dá para errar. Tentei recuperar com tudo o que tinha, tentei tudo e mais alguma coisa, mas simplesmente não deu”, descreveu Rui Bragança que foi então afastado da competição com uma derrota por 3-1.
Mas ainda havia uma esperança na conquista de uma medalha: a de bronze. Se Luisito Pie passasse à final, o taekwondista português seria repescado e teria a oportunidade de disputar o acesso ao combate pelo bronze, algo semelhante ao que se passou com a judoca Telma Monteiro. Foi esta esperança que fez brasileiros e portugueses na Arena Carioca 3 apoiarem Luisito. Mas o sonho da medalha olímpica portuguesa esbateu-se com a derrota do dominicano frente ao tailandês Tawin Hanprab, que viria a ser medalha de prata no torneio. O campeão olímpico na categoria até 58 kg foi o chinês Shuai Zhao tendo sido o bronze entregue a Luisito e ao coreano Taehun Kim.
“Claro que ficava mais feliz com o ouro, mas não estou triste com o nono lugar. Foi uma sensação única ter os meus pais, a minha namorada e os meus amigos, saber que atravessaram o Atlântico para estar aqui. É a melhor coisa que levo daqui.” Rui Bragança destacou ainda a sensação única que é estar na Aldeia Olímpica, rodeado dos melhores do mundo, das várias modalidades.
E Tóquio 2020? Treinado por Hugo Serrão (na terceira foto com o Rui), o atleta do Vitória Sport Clube que realizou nestes jogos o último combate na categoria de -58 kg, deixa tudo em aberto, mas com ressalvas: “Só se houver condições. Se não houver condições é impossível chegar a algum lado. [A Federação Portuguesa de Taekwondo, em processo de insolvência, não disponibilizou a Rui Bragança a verba que recebe destinada aos atletas de alta competição.] Podia voltar a pedir aos meus pais, mas não quero isso. Devo aos meus pais estar aqui, todo o apoio emocional e financeiro. Isto foi um esforço pessoal e do meu treinador, dos meus colegas de treinos. Sem todos eles, isto era impossível.”
A competição olímpica de taekwondo continua até dia 20 de agosto, um dia antes de acabar a 31ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.
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Texto: Joana França/Kombat Press
Fotos: COP